sábado, 18 de dezembro de 2010

Walker

"Hoje tu disseste que não conseguia me imaginar chorando. Que eu dizia que chorava só pro meu cérebro se convencer de que eu realmente o fazia e não julgar os meus canais lacrimais meros órgãos vestigiais (com o perdão do eco). Pois bem, queria que tu me visses agora. Talvez tu até te compadecesses de mim e enxergasse a menina por trás das besteiras, risos, e declarações de amor platônico. É, eu sofro. Eu também passo noites em claro, isso não é privilégio teu, amigo. E não é uma tapeação da minha cabeça só pra eu ter o que escrever - embora funcione muito bem pra isso. Eu sofro porque perdi dois pelo preço de um; porque perdi dois tipos de amor, o do homem e o do amigo. Não te preocupa com o que o tal possa pensar de mim, ele não vem mais aqui. E mesmo assim, ele não pensaria nada, tem um cubinho de gelo fazendo as vezes de coração. Pena que a gente não pode fazer uma fogueira, jogá-lo, e esperar que amoleça, derreta. "Sem agressões", foi o que o Lipe disse.

E a gente vai por aí, se apoiando um no outro, tu com teus problemas baixinhos e complicados e eu com meus problemas físico-químicos. A gente vai respirar novos ares, sei que vamos. Merecemos isso. A questão é se acostumar com o frio - estimulante na tua visão - e com a "selva de pedra". A vida de migrante nordestino não é fácil, eu sei, mas quem foi que disse que as coisas por aqui são minimamente menos complicadas? Espero que a Paulista seja perto da República..."

P.s: tudo bem, agora são três textos inspirados em ti, admito.

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