quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Shiiiiu! Assim ele não vem!

Se acalme, meu anjo, que nada é pra já. Amor não é assim que se faz. Não é correndo, não é com pressa, amor não é nissim miojo, é preciso bem mais que três minutos pra acontecer. Esse negócio de amor à primeira vista não existe, isso é encantamento, é fascinação, é aquela coisa de olhar e se impressionar, dizer UAU! Amor mesmo é devagar que acontece.

Calma, meu anjo, é preciso paciência. É preciso cozinhar o amor... Tem que escolher os ingredientes, deixar bem juntinhos pra pegar o sabor do outro, dourá-los com tardes ao pôr-do-sol. Demora pra ficar pronto, é assim mesmo! Tem que esperar até sair aquele cheirinho de comida boa, gostosa... Só aí você pode saciar sua fome de amor.

Amor também não é rock, rap, hip-hop. É música do Chico Buarque, bossa do Vinícius, balada do Lenine, arrastapé do Dominguinhos, é samba do Cartola. Tem que ter jogo de cintura pra amar. Você tem que dançar conforme a música. É bom quando se pode bailar com o outro (pode ser uma valsa), nem precisa saber dançar de verdade, basta que se possa colar o rosto no outro, basta que o rapaz abrace a cintura da moça e que ela se aconchegue nos ombros do rapaz.

Quem ama tem pressa de querer, mas tem paciência de esperar. Porque essa espera dá uma dorzinha gostosa e esse povo que ama é povo que até gosta de sofrer. Se são loucos eu não sei, mas chegam bem perto disso. Eles se apaixonam sem medo de ter outra decepção, e é por isso que amor não é brincadeira de criança. Só quem sabe perder é digno de um dia ganhar.

Todo amante precisa de coragem pra suportar as inquietações, as dúvidas, as noites sem um beijo, os dias sem notícia. Tem que primeiro se saciar em si mesmo, se encontrar por si e depois transbordar, já que é esse transbordar que vai dar ao outro. Tem que parar de anunciar, gritar, pôr anúncio no jornal "EU QUERO UM AMOR - ENTREGA URGENTE", tem que ser sutil. Amor se assusta com barulho. Moças, os rapazes procuram mulheres que procuram outras coisas além de namorado. Rapazes, moças procuram homens que mostrem que saibam o quanto vale a pena estar do lado delas. Repito: parem de gritar, parem de chamar. Deixem que um dia ele acha. Ele sempre acha.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Bitols e o fim

"O Fabricio e a Cinthya se separaram" falei pro Filipe como quem fala de amigos próximos. Ele deve ter ficando batendo cabeça tentando lembrar de algum casal conhecido "ah, o Fabrício e a Cinthya, conhecemos lá... lá na... lá onde mesmo?" Até que perguntou "quem é Fabrício e quem é Cinthya?". Com pesar eu respondo "Fabrício Carpinejar, meu cronista (vivo) preferido e Cinthya Verri, mulher dele, escritora também, médica e linda".

Aliás, os dois eram lindos juntos. Desses casais de comercial de margarina, etc e tal. Tinham álbuns juntos, escreviam uma coluna no jornal juntos, seus blogs e tatuagens combinavam ela o chamava de "bitols" e ele escrevia poesias pra ela. E eu sorria abobalhada vendo as fotos dos dois. Amor alheio também encanta e aquece o coração dos outros. Não, não era inveja, juro juradinho (embora eu também quisesse uma foto onde segurassem a minha mão e dissessem que "amar é 'não soltar a mão dela nem na hora de apontar o nome da rua'". E eu lia e via as ilustrações que ela fazia pros textos dele e meus olhinhos brilhavam e eu me inspirava e escrevia também. Mas meu deus, o que será que aconteceu?

Ontem me explicaram quão volúveis são as relações humanas. Disseram que casais que brigam têm mais chance de ficar juntos que casais que não brigam e ainda profetizaram (dado a minha idade e particularidades da personalidade) mais dois anos de alguma felicidade conjugal pra mim seguido de um inevitável término ou, num cenário mais otimista, algumas graves tribulações. Ouvi tudinho bem abraçada com o Filipe. Ele não tem álbuns comigo, não dançaria ballet por mim, não desenha pros meus textos nem me deu nenhum apelido. Mas ele sabe apertar os olhos bem apertadinhos, canta pra mim e me chama "Mariana", que mesmo sendo meu nome cru e simples, já parece música na boca dele. Ele deita ao meu lado na grama e fecha os olhos, enquanto eu presto atenção nele e lembro de quando o vi dormir (mesmo sendo em sonho), reparo que ele fica lindo dormindo (ou quase), com as folhas da árvore brincando de fazer renda no rosto dele. Felicidade assim, simples assim.

 Fazendo as contas, ainda tenho 20 meses dessa felicidade, obrigada, e ficaria imensamente grata em contrariar toda e qualquer estudo do tipo, AMÉM.

Deve ter sido isso que aconteceu com o Fabrício e a Cinthya. Será? Sorte aos dois.