domingo, 13 de fevereiro de 2011

À espera de um desastre

Camboa - São Luís - MA

Em um domingo qualquer por aí eu pensei: "Que saco, agora vai ser a noite todinha esse povo falando de enchente". Não liguem, é só a minha mania de acreditar que a imprensa supervaloriza as tragédias pra render mais audiência. Em alguns casos, não deixa de ser verdade. Em alguns casos.

A tragédia causada pelas chuvas no RJ, SP- estados mais atingidos - é capaz de causar um misto de sensações dentro da gente. Primeiro, pena por todos aqueles que perderam suas casas, famílias, por todos os filhos órfãos, por todos os pais órfãos. Sonhos e trabalho de uma vida inteira que foram destruídos. Depois, uma vontade quase que insana de ajudar, de estar lá, de levar um pouco de consolo àquelas famílias tão necessitadas de atenção e carinho. Mais ainda: sente-se raiva e indignação! Como os governantes permitiram que a tragédia assumisse proporções tão grandes? Como foi mostrado pela imprensa, desastres iguais ou maiores já haviam acontecido, mas as autoridades continuaram apáticas, sem se importar muito com a situação. Tragédias anunciadas, queridos, só que ninguém deu muita importância.

Eu não sou de me comover fácil, fico sempre com um pé atrás diante de qualquer atitude "solidária", de tanta exposição e "preocupação" da mídia. Vai ver até seja por isso que eu evite falar desse tipo de coisa no calor do momento, quando ainda é moda falar sobre. Ou vocês não perceberam que, como mágica, as vítimas da enchente sumiram dos noticiários e das rodas de fofoca? Tá todo mundo esperando o próximo furo de reportagem. Desastre antigo não dá ibope.

E no meio de tanta confusão, de tanto falatório, não faltou quem dissesse "poxa, eu queria ir pra lá", 'se eu tivesse dinheiro...", "ahhh, queria tanto ajudar...". Vamos combinar, né minha gente? Acho que já falei que não dou a mínima bola pra benfeitores sazonais. Você vai ficar esperando acontecer uma tragédia do lado da tua casa pra ir ajudar, é? Vai esperar a Lagoa da Jansen transpordar, a ponte do São Francisco cair ou coisa do tipo? Você não está no RJ, mas tenho absoluta certeza que tem alguém precisando de comida aí pertinho da tua casa. Certeza que tem alguma família precisando de roupas, de consolo, de teto, vai ver até mesmo no teu bairro. São pessoas que tem o trágico como cotidiano, sabe? A diferença é que não aparecem no Jornal Nacional.

Antes de se meter a arrumar a casa alheia, procure ver se a sua não está bagunçada também. Não precisamos ir muito longe para fazer o bem e perceber que gente precisando de gente existe em todo lugar e a todo momento. Abraços!

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