quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Serpente

Tem gente que fala que tem minhocas na cabeça. Eu tenho é uma serpente do tamanho daquela encantada que fica aqui embaixo de São Luís. Quando eu era pequena aprendi que a cabeça dela ficava ali na Fonte do Ribeirão, a barriga na Igreja do Carmo e a cauda na Igreja de São Pantaleão. A minha tem a cabeça nos meus olhos, a barriga na boca, a cauda no coração e me concede raros minutos de paz, fica o tempo todo em movimento, faz nem questão de se esconder.

Engana-se quem pensa que é lenda, ela ri e aponta sua linguinha bifurcada pra mim todo dia, sacudindo o chocalho bem no meu peito e cravando as presas na minha mente que é pra inocular litros e litros de veneno todos os dias.

Valei-me, São José de Ribamar, que se a serpente acordar de vez, vem abaixo meu coração! E nem vai adiantar,  não vai ter missa de 7 dias que me salve o miocárdio, não vai ter reza ou promessa que traga sossego pro espírito, não tem Donana que ordene o retorno às atividades normais!

Valei-me Nossa Senhora da Vitória, que o nome dessa serpente é saudade!

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