segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobre sábados




Eu sinceramente estou querendo saber “qual é” a dos sábados. Ao que parece, eles começaram a me perseguir, cada um me reservando uma surpresa diferente. Não, eu não estou sendo pessimista ou coisa parecida. Só estou tentando entender o que foi que disparou essa fúria “sabadológica” pra cima de mim. Para provar que não estou sendo exagerada, leiam só o meu relato e tirem suas próprias conclusões

I – Sabe, o dia tinha até começado bem. Fui para a escola, assisti às minhas aulas, voltei para casa de ônibus com Samuel. Tudo bem até que... Meu companheiro de viagem comete a proeza de esquecer sua apostila da escola comigo. Ele simplesmente foi embora e deixou pra trás o único livro que havia trazido. Quem tiver a oportunidade de vê-la algum dia, perceberá quão facilmente a “monstra” pode ser esquecida, dado a sua leveza e singeleza. Resumo da história: fui obrigada a carregar duas compactas apostilas o resto da viagem (quem conhece o trambolho sabe bem do que eu estou falando).

*Note que apesar do desconforto, este fato isoladamente não explicaria a minha revolta. Passemos então ao próximo episódio

II – Ah! Mais um dia feliz! Pobre de mim... Às 7:30 da manhã, desço para pegar minha carona – Samuel, o mesmo do relato acima, sempre me deixa na escola.

7:30: nada de Samuel

7:35: nada ainda

7:40: “‘aimeudeus’! Samuel não vem mais.” Ligo para o celular dele, mas o garoto não atende.

7:45: “Pai, só pra avisar que eu to indo de van, tá?”

Faltavam exatamente 15 minutos para começar a minha primeira aula que, por sinal, era importantíssima: tratava da 1ª Lei de Mendel. “Caramba! Eu preciso entender o que aconteceu com aquelas ervilhas”. Fui correndo para a escola. No caminho, já preparando argumentos que pudessem convencer Edílson a me deixar subir e entrar na sala, afinal, eu não desistiria tão fácil; nem que eu implorasse para a minha mãe ligar para Diógenes e pedir que eu entrasse em sala. Eu ia SIM saber o que aconteceu com as tais ervilhas de Mendel.

Enfim, cheguei cerca de 10 minutos atrasada. Edílson não estava à vista. Subi sorrateiramente as escadas e bati à porta. Danúbio, professor bonzinho que é, permitiu que eu entrasse. Ufa!

*ah, mas se a história acabasse aqui não teria graça, não é mesmo? Continuemos

Finalmente voltando para casa. Samuel não tinha mesmo ido à escola. Quando chego, percebo que algo está diferente. Muuuuito diferente. Papai havia limpado a minha bancada e a minha estante e, como elas estavam precisando disso a um tempão, a única coisa que eu fiz foi agradecer. Eis que mamãe me dá a notícia: “Mari, teu pai jogou Mimosa fora”. Gente, eu pirei. Como assim?! Mimosa não!!!! Minha elefantinha azul, não! Ela havia feito parte da minha infância, estava comigo a uns 16 anos, eu iria deixá-la de legado aos meus netinhos!!! Minha primeira atitude foi, é claro, ir buscá-la o mais rapidamente possível. Sim, leitores, eu fui resgatá-la no lixeiro da rua.

Chegando lá, o cenário de horror se completa: não vejo Mimosa, mas vejo “trocentas” mil provas e cadernos espalhados por lá. Vocês não podem imaginar o meu estado de pânico. Passei a próxima hora em pé, no sol quente, abrindo saco de lixo por saco de lixo, pegando de volta todas as minhas provas, cadernos, livros (e daí que muitos deles eram mais velhos que eu? Aquilo era uma herança cultural), anotações, etc. No entanto, Mimosa que é bom, nada!

Saldo do dia: fama de louca pelas crianças da rua e nada para deixar de legado aos meus netinhos.

III – Pensamento positivo. A fórmula para ter um dia feliz. Este sábado seria diferente. Após a escola, minha missão era ir ajudar mamãe com a decoração de uma festinha de aniversário. Eu só precisava ir até lá e fazer algumas esculturas de balão: estrelas-do-mar, alguns peixinhos, ouriços e polvos. Coisa simples e rápida. Eu já sabia onde era a casa do evento, pois algumas semanas antes, mamãe havia me mostrado o local. Chegando lá, não vejo nenhum sinal de ocupação humana. Bato à porta, mas ninguém vem atendê-la. Então, ligo para casa e a minha irmã atende: “Marcela, cadê mamãe?” “Tá aqui, oras!” “Chama ela pra mim” “Mãe, a senhora não tinha uma decoração pra fazer hoje?” “Não, filha. Eu não te disse não? É só semana que vem” “Ah, claro. Obrigada, mãe”

Volto pra casa sinceramente empenhada em saber qual a mágica misteriosa que o sábado tem para fazer esse tipo de coisa acontecer comigo. Alguém tem uma sugestão?

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